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Mapa identifica as estradas do Sul com maior risco de colisão com javalis

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Mensagem  Haddock Sex 8 Fev 2013 - 10:19

Mapa identifica as estradas do Sul com maior risco de colisão com javalis Mapajavalis


Bióloga fez estudo inédito que avalia os percursos onde carros e javalis se podem cruzar e causar acidentes. Évora, Beja e Portalegre são os distritos onde há mais risco de um choque com estes animais


Se, numa noite de Inverno, um javali se atravessar à frente do seu carro, saiba que um possível choque faz parte de um problema europeu que está em crescimento por cá. Por ano, estima-se que 300 pessoas morram na Europa devido a acidentes rodoviários com ungulados - animais como o javali, o veado ou o cavalo. Em Portugal, a contabilização não representa o verdadeiro problema. Entre 2000 e 2011, houve pelo menos 221 acidentes nos distritos a sul do Tejo - foi a partir desta informação que a bióloga Estrela Matilde fez um mapa inédito das estradas com mais risco na região.

Os distritos mais perigosos são Évora e Beja, o menos perigoso é Faro, e é nas estradas nacionais e regionais que um acidente destes é mais provável, sugerem os resultados da tese de mestrado da bióloga, na Universidade de Évora.

"O aumento crescente dos registos dos acidentes ao longo dos últimos 12 anos, que poderá traduzir um aumento real no número de acidentes, faz prever que esta venha a ser uma realidade preocupante", escreve Estrela Matilde. "Daí a necessidade de perceber [este fenómeno], para se poder agir", explica a bióloga, de 27 anos, que terminou o mestrado em 2012, com orientação de António Mira e Sara Santos, investigadores da Universidade de Évora.

Em Portugal, o animal selvagem mais frequente com um tamanho capaz de pôr em perigo quem está dentro de um veículo é o javali (Sus scrofa). As vacas e os cavalos podem ter maior porte, mas existem em menor número e são controlados pelo homem.

Apesar de não haver uma contagem actualizada da população de javalis no país, o conhecimento de campo e o aumento do número de animais caçados apontam para que esta espécie esteja em expansão. No Alentejo, o abandono dos terrenos agrícolas e a disponibilidade de alimento e abrigo durante todo o ano são factores que permitem este crescimento. O que faz com que 61,5% dos javalis caçados sejam desta região. Estes dados são um alerta para o que pode acontecer numa viagem corriqueira de carro.

A tese "foi um ponto de partida para perceber se esta é realmente uma problemática e se é preciso agir nesse sentido", explica Estrela Matilde. "Os nossos resultados dizem-nos que sim."

9200 quilómetros de alcatrão

Para isso, a bióloga começou por recolher junto da Guarda Nacional Republicana a informação existente sobre os acidentes rodoviários com javalis nos distritos de Portalegre, Setúbal, Évora, Beja e Faro. "Infelizmente, a amostragem que temos destes acidentes é uma pequena amostra da realidade, porque a grande maioria dos acidentes deste género não é reportada às autoridades." Por uma questão de tempo, ficaram de fora do trabalho da tese os distritos a norte do rio Tejo.

Depois, assinalou o local de ocorrência dos acidentes num mapa com as estradas destes distritos. Existem 9200 quilómetros de alcatrão na região estudada, divididos em 610 quilómetros de auto-estradas, 620 de itinerários principais, 4200 de estradas nacionais e regionais e 3800 de estradas municipais.

Os distritos mais afectados com acidentes foram Évora, com 121, e Portalegre, com 59 acidentes. E 175 das 221 colisões ocorreram em estradas nacionais ou regionais.

Para avaliar as estradas com maior risco, a bióloga dividiu os 9200 quilómetros de rodovia em hexágonos com uma área de quatro quilómetros quadrados que abrangem o troço de alcatrão e área à volta. Isso resultou numa rede de 4221 hexágonos que se sobrepõem à rede de estradas dos quatro distritos.

Deste modo, foi possível caracterizar cada hexágono em relação a diversas variáveis: a altitude, o declive, o clima, a presença de rios, a abundância de javalis obtida a partir do índice de caça, o tipo de usos de solo e o tipo de estrada. Com esta caracterização, a bióloga comparou os 4221 com os hexágonos em que tinha havido acidentes, para "perceber quais os factores [descritos acima] de agregação dos acidentes, de maneira a conseguir prever locais mais ou menos perigosos, consoante esses factores que "ocorrem" nos locais onde houve acidentes", explica a cientista, sublinhando que ainda vai trabalhar mais os dados para tornar os resultados, para já provisórios, mais robustos.

"As estradas nacionais e regionais são as de maior risco, porque não apresentam vedações nem impedimentos dos animais à via, e porque são estradas mais sinuosas que acabam por integrar habitats preferenciais à espécie", acredita Estrela Matilde. Por outro lado, as áreas agrícolas são aquelas onde o risco de atropelamento é maior, já que têm alimento e são atractivas para os javalis.

A partir desta avaliação, obteve-se um mapa com quatro cores, do azul ao laranja, onde um troço de uma estrada num hexágono azul apresenta risco reduzido de atropelamento do javali e o laranja apresenta um risco muito elevado. Depois de Évora e Beja, os distritos com mais hexágonos amarelos e laranjas, vem logo a seguir o de Portalegre. Os resultados para o distrito de Évora coadunam-se com o número de acidentes contabilizados. Em Beja, pode haver, por um lado, uma menor contabilização de acidentes. Por outro, a baixa densidade populacional no distrito pode explicar um menor número de encontros trágicos. Faro é o distrito que apresenta menos perigo.

E o que se pode fazer para diminuir os riscos de, numa noite de Inverno, um javali fazer-nos a vida negra? "Existem medidas para impedir o acesso dos animais à via, através de vedações, barreiras, direccionando-os para passagens que possam utilizar com segurança. É importante também, depois de analisar os locais perigosos, instalar mecanismos que "avisem" os condutores da presença de animais", responde-nos a bióloga. Mas o melhor, quando passar por estas estradas, é manter-se alerta, para o caso de um animal destes se cruzar no seu caminho.


Fonte:Ecosfera
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