Casa das Pedras Parideiras inaugurada para proteger e explicar fenómeno de Arouca "único no mundo"
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Casa das Pedras Parideiras inaugurada para proteger e explicar fenómeno de Arouca "único no mundo"
A Câmara Municipal de Arouca inaugurou a Casa das Pedras Parideiras, que, funcionando como um centro interpretativo aberto ao público em geral, divulga a perspetiva científica e mística sobre esse fenómeno geológico "único no mundo".
Em causa está a formação granítica que, resultando de magma vulcânico com 250 milhões de anos, se dispersa por um quilómetro quadrado da aldeia da Castanheira, na Serra da Freita, e é abundantemente revestida por nódulos negros que, quando atingem a dimensão média de dois a 12 centímetros, acabam por ceder ao efeito da erosão e se soltam da rocha-mãe - como se dela nascessem.
O presidente da autarquia, José Artur Neves, garantiu à Lusa que esse é "um fenómeno único no mundo, que desperta curiosidade em cientistas de vários países e tem também um certo significado místico para os populares, já que há achados arqueológicos com milhares de anos que dão a entender que as pedras já nessa altura eram um símbolo de fertilidade, como hoje continuam a ser".
A geóloga Alexandra Paz, do Geoparque de Arouca, revela que esse interesse generalizado nas pedras parideiras se deve à sua singularidade a nível mundial: os nódulos que se soltam do bloco maior têm um núcleo de quartzo revestido a feldspato, moscovite e biotite como a generalidade das rochas, mas na Castanheira é a biotite - mais conhecida como mica preta - que predomina no exterior dessas formações, identificando sem exceção todas as pedras que vão ser "paridas".
"Sabemos o que são os nódulos; não sabemos é porque é que eles se formaram e se distinguem do resto da rocha", reconhece a geóloga. "O certo é que eles se libertam por efeito da exposição aos agentes erosivos e às variações de temperatura, porque os nódulos escuros absorvem mais calor e contraem, depois com o frio dilatam, vão repetindo esse processo várias vezes e, quando a chuva congela entre a pedra-filha e a rocha-mãe, a água aumenta de volume ao solidificar e funciona como uma cunha de gelo para a pedra se soltar".
José Artur Neves considera que todo esse processo torna as pedras parideiras "um património muito valioso", cuja preservação na isolada aldeia da Castanheira justifica o investimento no novo centro interpretativo - que custou 200.000 euros e foi financiado em 60 por cento pelo PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural).
"Há muitos anos que este é o espaço mais visitado de Arouca e, por causa disso mesmo, estava a assistir-se a uma delapidação clara deste património", recorda o autarca. "Havia até quem fizesse negócio com as pedrinhas filhas, tal como havia quem carregasse a mala do carro com tudo o que fosse pedra apanhada do chão, quer ela fosse parideira ou não".
A Câmara de Arouca vedou então o espaço há alguns anos atrás, com uma rede que o presidente admite até ter sido "um pouco agressiva, mas que cumpriu o seu papel", ao desincentivar o "desrespeito" pelo local até que a autarquia pudesse "realizar no local um investimento estruturado".
A oportunidade chegou com a integração do território integral de Arouca e dos seus 41 geossítios na Rede Global da UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cutura.
"Com um pequeno investimento, adquirimos o terreno, escavámos a rocha para pôr à vista aquela laje clara, mais pura, e requalificámos este geossítio emblemático, que é um verdadeiro tesouro à escala mundial", conclui José Artur Neves.
A Casa das Pedras Parideiras deverá funcionar todos os dias das 9:30 às 12:30 e das 14:00 às 17h00 - sendo que, numa fase inicial, essas e outras informações poderão confirmar-se através do telefone 256.484.093 e do e-mail geral@geoparquearouca.com.
Além do acesso privilegiado à porção de rocha-mãe em estado mais preservado, o centro interpretativo proporciona aos interessados uma visita guiada ao bloco granítico mais exposto, agora contornado por um passadiço de madeira que facilita a circulação nas zonas mais íngremes.
No interior do novo edifício, o público é convidado a visionar um filme a três dimensões em que diferentes técnicos revelam a perspetiva científica do fenómeno, enquanto aldeões da Castanheira abordam a sua vertente social e cultural. "A gente não liga nada às pedras porque sempre as vimos cá", confessa Belandina Pedro na tela. "Mas é verdade que vem cá muita gente e diz-se que as mulheres põem as pedras debaixo do travesseiro para terem mais filhos".
Fonte: RTP
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