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O Lobo na Cultura

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Mensagem  Mandrágora Sáb 2 Jun 2012 - 10:43

O Lobo na Cultura Lobonacultura1

Remonta à pré-história a ligação entre o Homem e o lobo e a sua influência na cultura. Desde a Idade Média que ele é considerado como uma ameaça para o gado mas principalmente, era considerado uma figura mítica, sobrenatural e até diabólica. Animal de hábitos nocturnos e muito esquivo despertou o medo e o ódio das comunidades rurais que o consideravam um “devorador de gado e do Homem”, devido aos ataques ao gado e à religiosidade e isolamento destas populações rurais.

Este conflito Homem-lobo conduziu a uma diminuição drástica da população do lobo-ibérico, no entanto o património cultural originado por este conflito é bastante rico, tendo sido criadas lendas, mitos, provérbios, crenças, rezas e até pequenas construções para a captura destes animais.

“Quando uma pessoa é observada pelo lobo sente um arrepio e fica com os cabelos em pé.”

“Se vê um lobo antes de ele se aperceber da sua presença, perde-se a fala durante umas horas ou dias.”

“O lobo não pode, de modo algum, devorar o braço direito das suas vítimas, uma vez que é com esse braço que se faz o sinal da cruz.”

“O lobo só morde e consome o lado esquerdo dos animais que mata, e só olha para o seu lado esquerdo.”

“O lobisomem é uma pessoa sob uma maldição em que de noite se transforma em lobo. A maldição pode ser dos próprios pais ou afectando o sétimo filho do mesmo sexo, sendo quebrada a maldição caso seja baptizado pelo irmão ou irmã mais velho (a). A maldição também pode ser quebrada se o lobisomem derramar o seu sangue quando ainda se encontra na forma de lobo.”

“Fada dos lobos ou Peeira dos lobos é uma mulher que consegue comunicar e controlar alcateias de lobos, passeando com eles durante a noite, pelos montes.”

“Algumas partes do lobo, como os dentes, os olhos e o sangue, são utilizados na medicina tradicional devido às suas propriedades curativas. A gola do lobo, uma parte da traqueia, era utilizada para curar a “lobagueira” em porcos domésticos, doença causada pelo “mau ar de lobo”.”

O Lobo na Cultura Lobonacultura2

Este medo e esta dependência do lobo faziam com que fossem perseguidos e caçados. Para tal era utilizadas armadilhas, os fojos, podendo ser de 3 tipos:

- fojo simples: fosso no chão, disfarçado com vegetação. O lobo era atraído através de um isco vivo ou morto.

- fojo de cabrita: fosso reforçado com uma parede de pedra, em que apesar da facilidade em entrar, a saída era impossível. O nome deste fojo deve-se ao facto de o isco utilizado ser uma cabra viva.

- fojo de paredes convergentes: duas longas paredes de pedra (com cerca de 2m de altura e 1 km de comprimento) que convergiam num fosso, onde se encurralava o animal. Para este tipo de captura, faziam-se grandes batidas, muitas vezes com as populações de várias aldeias próximas.

O Lobo na Cultura Lobonacultura3

No entanto, estes fojos estão ao abandono, muitos deles estando bastante degradados. A maioria destas armadilhas é de origem secular, a sua utilização remonta ao início do século X, sendo um monumento único a nível mundial situado na Península Ibérica, logo é de elevado valor histórico, etnográfico e até científico, para além do potencial valor turístico. Muitas das golas de lobo também são autênticas relíquias, algumas com mais de 150 anos, que têm vindo a passar de geração em geração.

Assim, o estudo e conhecimento da herança cultural associada ao lobo é muito importante, e através da sensibilização e da educação ambiental, principalmente junto das populações que partilham o habitat com o lobo, de maneira a que os mitos e lendas nunca sejam esquecidos mas que as populações adoptem um conhecimento mais cientifico, na tentativa de minimizar o conflito Homem-lobo e com vista à valorização económica e turística da imagem biológica do lobo.

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